O ser humano ao se mostrar aos outros ele pode TRANSPARECER ser algo que não é, ele pode FINGIR ser algo que gostaria de ser e acima de tudo ele pode SER o que os outros não querem, não aceitam ou não concordam, pela simples inexistência de respeito perante a diversidade. Ser, Transparecer ou Fingir ser, em qual dessas etapas será que esse blog me qualifica?!

sexta-feira, 12 de novembro de 2010

O anel

Ela entra no ônibus. E como todos os outros cinco dias da semana, o mesmo garoto que lê seu livro, com fones no ouvido, enquanto espera chegar ao seu destino, a olha por cima do livro. Ela logo o identifica, trocam um único olhar, enrubescida ela desvia o olhar pro chão e foca em procurar um local pra se sentar. Olha mais uma vez e percebe que o único lugar vago é ao lado do seu conhecido anônimo. Ela vira. Pensa. E decide se sentar, sem nem levantar a cabeça para lhe encarar. Assim que senta ela escuta aquela voz, suave mais capaz de estrondar tudo dentro de seu ser:

-Oi!

Ela levanta a cabeça pra responder e dá de cara com ele, sorrindo de uma forma um tanto infantil.

-Oi. – Ela responde meio sem jeito.

Ele abaixa o livro e pensa, “Não farei como dá ultima vez. Não deixarei escapar novamente uma chance, ela sempre entra, me olha, senta, eu crio coragem e quando vou falar, ela se vai.”. Perdido em seus pensamentos em frações de segundos ele nota um anel. “ANEL? Como assim? Nunca a vi com anel antes! Terá ela um amor? Terá ela um noivo?”. Seu sorriso se desfaz.

“O que ouve?!” Pensa a garota ao notar seu abatimento. Ela vira pra um lado. Ele vira pro outro. Ela quer falar, quer perguntar, não sabe o que falar, na verdade nem sabe ela o porquê que algo lhe diz que deve falar algo. Ela quer, mas teme se passar por boba, teme gaguejar, aflita em seus pensamentos fica calada e sente o tempo passar e passar e se pune mentalmente por ser fraca, por não fazer nada enquanto a chance se vai, por não ter coragem de puxar uma simples conversa...

-Parabéns.- Fala ele de repente e de uma forma fria. Pegando-a de surpresa.

-Hem?! – Ela se vira feliz e confusa pra ele. Afinal ele falou.

-Nunca a vi de anel e percebi que hoje estais usando aliança, deves estar noiva. Parabéns.

Ela ri baixinho.

-Não. É apenas um anel. Que guarda uma grande história.- Fala satisfeita ao notar o porque do seu abatimento.

Ele um tanto atordoado e feliz, não sabe mais o que pensar fazer ou dizer. Sua conhecida anônima não é noiva. Sua esperança ainda vive sutilmente em seu ser.

-Que história?!

Ela olha pro lado, vê que está quase perto de sua parada, se aproxima lentamente do rosto dele, coloca a mão cobrindo a boca e diz bem baixinho em seu ouvido:

-É um segredo que só posso contar a amigos.

-Há – Fala o garoto um tanto decepcionado.

Ela se levanta, tira o anel, coloca na palma da mão dele e diz:

-Talvez você saiba do segredo dele bem mais do que eu... Pois só sei a origem do anel, porém você pode me dizer seu destino final... Vejo-te amanhã. – Ela desce do ônibus, sorrindo para si mesma por dentro e por fora. E pensa “Mal sabe ele que o grande segredo deste anel é o segredo de não ter história nenhuma...talvez, por pouco tempo...”.

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